Riscos do efeito Dunning-Kruger para a vida profissional

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Postado dia 8 de dezembro de 2020 por


Riscos do efeito Dunning-Kruger para a vida profissional

Sabe quando aquela pessoa que acha que sabe de tudo, é muito confiante, mas na verdade está superestimando as próprias competências e conhecimentos? Então, ela pode ser vítima do efeito Dunning-Kruger. Basicamente, esse é um viés cognitivo que faz com que a pessoa acredite que é um especialista no assunto, quando, na realidade, tem pouco ou nenhum conhecimento a respeito do tema. Quer saber mais sobre esse fenômeno? Continue a leitura!

O que é o efeito Dunning-Kruger?

O efeito Dunning-Kruger é um problema relacionado com a metacognição. De acordo com a Unicamp, essa é a habilidade do indivíduo em monitorar seus processos cognitivos e identificar suas limitações de conhecimento e compreensão em diversas situações. Esse efeito surge quando a pessoa é incapaz de reconhecer sua própria ignorância e seus limites.

Quem começou a estudar esse fenômeno foram os psicólogos Justin Kruger e David Dunning, da Cornell University, nos anos 90. Os especialistas decidiram investigar o que levava algumas pessoas a tomarem decisões ruins e alcançar resultados ruins pela insistência em um conhecimento que não possuem.

O caso que levou ao início dessa pesquisa foi um acontecimento bem pitoresco em 1996. Um homem chamado McArthur Wheeler acreditou que, se ele passasse suco de limão no rosto, conseguiria ficar invisível. Acreditando nessa habilidade, ele assaltou dois bancos sem usar máscara. Inclusive, chegou a piscar para uma das câmeras de segurança em um dos assaltos. Obviamente, ele foi facilmente identificado pela polícia. Wheeler não apresentava sintomas de transtornos psiquiátricos, nem estava sob efeito de entorpecentes. Mas, quando foi preso, não entendia por que seu plano não tinha dado certo.

O que inicialmente era um caso cômico se tornou um critério para um estudo publicado em 1999, por Kruger e Dunning. Embora esse caso de Wheeler seja bem diferente, esse fenômeno é familiar na vida cotidiana também.

Exemplos de casos de efeito Dunning-Krueger

Nesses casos, muitos acreditam de forma equivocada que sua experiência e habilidades em uma área particular são transferíveis para outra. Por exemplo, um médico que acha que entende tudo sobre uma área que ele não estudou, como arquitetura, por exemplo.

Certamente, não podemos dizer que os que mais falam são sempre os que menos sabem. Mas é muito difícil não cometer esse erro às vezes. Veja, por exemplo, durante a pandemia do novo coronavírus que estamos vivendo, quantos “especialistas” surgiram sobre a doença?

Segundo o Instituto Brasileiro de Coaching, em um estudo realizado com engenheiros de software de uma companhia, cerca de 30% disse que fazia parte dos 5% melhores colaboradores, algo que é matematicamente impossível. Outra pesquisa revelou que 88% dos motoristas norte-americanos acredita que dirige dentro da média. Será que tanta gente assim dirige dentro da média?

De acordo com Dunning, a conclusão de seu estudo é que desconhecemos os limites de nossa incompetência, não a dos outros. A questão, então, não é identificar as vítimas desse erro. Mas, sim, levar em conta que nós podemos estar fazendo isso em algum aspecto de nossas vidas, sem nem ao menos ter percebido.

Consequências do efeito Dunning-Kruger

O problema desse fenômeno é que pode levar a decisões erradas tanto na vida pessoal, como na profissional. Quando pensamos que somos melhores em algo do que realmente somos, surge uma lacuna entre a capacidade percebida e a real. Essa lacuna é prejudicial porque nos faz acreditar que a chance de nossas decisões serem boas é maior do que realmente é o caso.

Considere o cenário em que um jovem motorista está tão confiante em suas habilidades de direção que decide pegar uma rodovia no meio de uma perigosa tempestade de neve. Isso é muito arriscado. Ou, em um ambiente profissional, pense em um executivo que investe na promoção de um produto que ele não entende. Isso pode dar muito errado. Além disso, o efeito Dunning-Kruger muitas vezes é visto como arrogância, o que pode prejudicar a vida profissional. Afinal, é muito difícil trabalhar com pessoas arrogantes.

Aliás, quem é afetado por esse fenômeno também é menos capaz de aprender com seus erros. A autoconfiança muito alta o torna tendencioso nas autoavaliações e, portanto, traz dificuldade de identificar algo que parece simples como: você tomou a decisão errada. Isso é um problema, pois aprendemos a tomar decisões melhores, olhando para os erros e acertos de nossas decisões anteriores.

Por exemplo, no trabalho, é tentador buscar uma desculpa quando algo errado acontece. Meu colega me boicotou, meu chefe não gosta de mim, em vez de reconhecer e corrigir falhas que você não sabe que teve.

Como evitar

A ideia não é que se sinta inferior. Mas, sim, que se mantenha consciente de que não sabe tudo. Confira algumas dicas:

1. Não tenha pressa

Em vez de presumir que você sabe tudo o que há para saber sobre um tema, explore-o ainda mais. À medida em que tiver um melhor domínio de um assunto, provavelmente perceberá que ainda há muito a aprender. Isso pode ajudar a neutralizar o hábito de pensar que é especialista quando não é. O conhecimento é a principal ferramenta para combater a ignorância em relação à própria ignorância.

2. Aprenda a receber críticas

No trabalho, leve as críticas a sério e pense sobre elas. Investigue as afirmações com as quais você não concorda, pedindo evidências ou exemplos de como você pode melhorar.

3. Peça feedbacks

Peça feedbacks sinceros de indivíduos diferentes, ouça as opiniões deles e faça um contraponto com as suas.

4. Faça algo que não sabe

Escolha uma atividade, um exercício, um curso, algo que não saiba fazer mesmo. Aprenda do zero. Isso exercerá sua humildade e colocará você no lugar de aprendiz.

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