Conversando sobre adoção com famílias adotivas

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Postado dia 2 de agosto de 2022 por


Conversando sobre adoção com famílias adotivas

Com um pouco de interesse, informação e conhecimento sobre alguns termos básicos desse universo, você poderá se comunicar de uma maneira muito melhor com seus amigos e familiares que são pais adotivos.

Se você conhece uma família adotiva, talvez já tenha se perguntado como falar sobre o assunto, especialmente se você nunca teve experiências em primeira mão com essa realidade. Por isso aqui vão algumas dicas sobre como falar a respeito com empatia e responsabilidade.

Usando a linguagem positiva para adoção

Muitos pais adotivos já ouviram um estranho, ou até um amigo, perguntar, “Mas quem colocaria um bebê tão fofo para adoção?” Ou, “O que você sabe sobre os pais de verdade da criança?” Nestes casos o curioso pode até ter boas intenções, mas comentários como esses correm o risco de ofender ou constranger os pais adotivos, que tendem a sentir seu papel diminuído.

Por conta disso, alguns grupos de adoção favorecem o uso da “linguagem positiva para adoção”, também chamada de “linguagem respeitosa para adoção”, introduzida pela assistente social Marietta Spencer. Essa linguagem é projetada parcialmente para ajudar as pessoas a evitarem ofender acidentalmente aqueles envolvidos no processo de adoção, incluindo os pais adotivos e os indivíduos adotados.

Segue alguns exemplos de linguagem positiva para adoção:

“Mãe de nascimento ou pai de nascimento” – Em vez de “mãe de verdade ou pai de verdade” ou “mãe natural ou pai natural”. “Pais de nascimento” é um termo que se refere a alguém que deu à luz a uma criança, mas não a criou. Pais adotivos são pais de verdade.

“Faça um plano parental” ou “Faça um plano de adoção” – Em vez de “coloque para adoção”. A frase “faça um plano parental” reconhece que os pais de nascimento pensaram cuidadosamente antes de transferir seus direitos parentais para outra pessoa. Por exemplo, “A mãe de nascimento do Tiago preparou com amor um plano de adoção para ele”.

“Criança” e “Pais” – Em vez de “criança de verdade” e “pais de verdade”. Pais e crianças não precisam ter laços sanguíneos para serem pais ou filhos de verdade um do outro. Crianças tuteladas na mesma casa são irmãs “de verdade”, mesmo que não tenham relação sanguínea biológica.

“Seu filho” – Em vez de “seu próprio filho”. Algumas vezes as pessoas se referem à criança que passou a integrar uma família através do nascimento como sendo “delas”. Todas as crianças em uma família pertencem a dita família, sem nenhuma diferenciação. Pais não tem “direito de propriedade” sobre criança alguma.

“Entrou para a família pela adoção” – Em vez de “é adotado”. A adoção não deveria ser usada como um rótulo para a vida toda, mas como uma descrição do histórico da pessoa. Por exemplo, “Luísa é adotada.”. Referente à adoção, alguém poderia dizer, “Nós construímos nossa família através da adoção” ou “É assim que construímos nossa família.”

Entendendo termos básicos

Entender alguns termos básicos ajudará na comunicação plena com famílias adotivas. Segue algumas definições importantes:

Adoção doméstica – A adoção de uma criança do mesmo país.

Adoção internacional – A adoção de uma criança de outro país.

Adoção transracial – A adoção de uma criança de raça diferente da dos pais adotivos. Por exemplo, uma criança de El Salvador adotada por uma família caucasiana no Canadá.

Adoção transcultural – Unir crianças de um grupo étnico ou racial específico com pais adotivos de outro grupo étnico ou racial.

Adoção aberta – Um combinado no qual pais de nascimento e famílias adotivas trocam informações, diretamente ou através de um intermediário, e possuem um relacionamento contínuo que pode ser de graus variados. A maioria das adoções domésticas tem algum grau de abertura, em reconhecimento do fato de que essa estrutura de organização beneficia as três partes envolvidas no triângulo da adoção (o indivíduo adotado, os pais adotivos e os pais de nascimento). Adoção aberta considera a longevidade do processo, que dura para a vida toda.

Mitos para evitar

Mesmo com a popularização da adoção, muitos equívocos ainda existem sobre ela. Famílias adotivas frequentemente sentem-se ofendidas ou magoadas quando ouvem afirmações que perpetuam esses mitos. Algumas das ideias desatualizadas são:

Famílias adotivas não são famílias “de verdade” – Você não precisa dar à luz a uma criança para ser sua mãe ou seu pai de verdade. Homens nunca deram à luz mas sempre foram considerados pais de verdade.

Indivíduos adotados são danificados – “Ele é tão bonitinho, não acredito que é adotado.” Ou, “Ela é tão esperta. Você não teria feito um trabalho de criação melhor nem com uma criança sua.” Comentários como esses implicam que indivíduos adotados não são tão bons quanto outras pessoas, ou são danificados de alguma forma. Na verdade, um indivíduo adotado traz novas características, talentos e forças para a família adotiva. Uma família adotiva feliz apoiará o indivíduo adotado e celebrará suas diferenças.

Adoção promove fertilidade – É um mito que as pessoas vão conseguir engravidar uma vez que elas “relaxarem” e adotarem uma criança. Estatísticas mostram que a taxa de gravidez para casais inférteis que adotam não é maior do que a para casais que não adotam.

Todos os indivíduos adotados querem encontrar os seus pais de nascimento – É verdade que muitos indivíduos adotados cultivam um grande desejo de entender seu passado. Eles podem sentir também a necessidade de conhecer o histórico médico das suas famílias. A maioria dos indivíduos adotados que buscam por seus pais de nascimento possuem relacionamentos fortes e amorosos com seus pais adotivos. Frequentemente suas buscas ocorrem com o apoio dos seus pais. E muitos indivíduos adotados não sentem a necessidade de procurar pelos seus pais de nascimento. Quando indivíduos adotados resolvem fazer essa busca, eles estão procurando por “pedaços que faltam” de si mesmos, não especificamente por pais.

Pais de nascimento são pessoas irresponsáveis – A maioria dos pais de nascimento levam muito a sério a responsabilidade de encontrar bons pais para seus filhos. Adoção é uma decisão muito difícil para uma família. A maioria das famílias de nascimento pensam frequentemente em seus filhos, quando não diariamente.

Pais de nascimento querem suas crianças de volta e frequentemente causam problemas para famílias adotivas – Pais de nascimento comumente se sentem tristes após concretizada a adoção. Mas isso é normalmente porque eles sentem falta do bebê que amam, não porque eles querem desfazer sua decisão de doá-lo. É extremamente raro para um pai de nascimento contatar os pais adotivos, ou a agência de adoção, para reaver a criança ou interferir com as decisões da família adotiva de qualquer maneira.

Todas as adoções são “abertas” – A maioria das adoções não são completamente abertas. Adoções domésticas normalmente incluem pelo menos um encontro entre os pais de nascimento e os pais adotivos, mas adoções internacionais raramente são abertas. Algumas famílias adotivas que mantém contato com as famílias de nascimento o fazem apenas de vez em quando, e outras mantém contato apenas através das suas agências de adoção.

Não existem pais de nascimento em adoções internacionais – Indivíduos adotados sempre possuem pais de nascimento, sejam elas ainda vivos ou não, conhecidos ou desconhecidos. Muitos indivíduos adotados coreanos, por exemplo, têm sido bem-sucedidos em encontrar suas famílias de nascimento. Qualquer indivíduo adotado pensa sobre seus pais de nascimento, mesmo que eles não tenham contato recorrente ou não possam ser facilmente localizados. Uma visita ao orfanato nos anos após a adoção pode ser benéfica para crianças que foram nascidas no exterior.

Questões de privacidade

Adoção não é um segredo. Converse com alguém que tenha adotado uma criança e você pode acabar percebendo grande orgulho e satisfação. Pais adotivos não querem manter a adoção em segredo, mas eles podem querer manter alguma privacidade. Eles podem sentir-se desconfortáveis se você perguntar sobre problemas que eles consideram questões pessoais.

Aqui vão algumas questões e comportamentos para prestar atenção:

Evite fazer perguntas sobre a família de nascimento – Embora seja natural ter curiosidade sobre a família de nascimento de um indivíduo adotado, muitas famílias adotivas enxergam isso como informação pessoal de seus filhos. Eles podem se sentir desconfortáveis contando aos outros sobre o histórico familiar da sua criança antes de compartilharem essa informação com ela própria. Além disso, os pais adotivos não querem que esse tipo de informação importante chegue aos seus filhos através de terceiros. Assuntos a se evitar incluem:

“Os pais de nascimento são casados? Quantos anos eles têm?”

“Existem irmão de nascimento”

“Por que os pais de nascimento fizeram um planejamento de adoção?”

“A criança foi exposta a drogas ou álcool antes do nascimento?”

“O que você sabe sobre o histórico médico da família de nascimento?”

“Existiu algum problema psiquiátrico na família de nascimento?”

“Qual é a religião da família de nascimento?”

“Onde a família de nascimento vive? O que eles fazem da vida? Como era o relacionamento um com o outro?”

“A criança foi fruto de estupro ou incesto?”

Evite fazer perguntas sobre o processo de adoção – Algumas famílias amam contar suas histórias de adoção. Porém isso normalmente ocorre depois que ela foi finalizada. Enquanto eles estão esperando pela ligação de um correspondente internacional, muitos não querem falar sobre “como vão as coisas”.

Nunca pergunte sobre custos – Famílias não compram crianças.

Evite perguntas específicas sobre o histórico de nascimento da criança – Famílias adotivas normalmente consideram esse tipo de informação como pessoal.

Evite perguntar de onde a criança é – Isso evidencia para a criança que você notou que ela é diferente da sua família de nascimento.

Evite identificar a família como uma família adotiva em público – Adoções transraciais e internacionais são visíveis, mas as famílias ainda podem preferir manter sua privacidade. Pais de uma menina pequena da China podem não ser muito receptivos a alguém dizendo para eles, “Eu estou pensando em adotar uma criança chinesa.” Eles também podem se sentir ofendidos se a pessoa disser, “Precisa ser uma pessoa especial para adotar a criança de alguém.” Isso vale também para perguntas sobre onde a criança nasceu.

Evite perguntar se as crianças na mesma família são irmão “de verdade” – A mensagem que chega à criança que escuta essa pergunta é a de que a adoção não é um relacionamento para a vida toda, e que a outra criança não é sua familiar.

Nunca pergunte a uma família se eles podem devolver a criança – Adoção cria um laço para a vida toda entre os pais e a criança.

Evite apontar para uma criança em público ou dizer à família que eles têm uma criança linda – Famílias estão bem cientes das diferenças quando uma criança de outra origem racial ou cultural é adotada, e evidenciar isso só deixa claro para a criança que os outros a notaram. Embora o elogio possa ser apreciado, o fato de que você percebeu que a família se destaca não é.

Evite contar aos outros que a criança se juntou à família através da adoção – Embora famílias adotivas geralmente tenham orgulho de ser parte da adoção, elas têm o direito de decidir quando e como contar para as outras pessoas sobre a maneira que sua família foi criada.

A melhor aproximação é conversar com os pais adotivos exatamente como você conversaria com quaisquer outros pais. Pais adotivos são normalmente gratos a pessoas que não se atentam ao seu status de adotivos. Na maioria dos dias, ser um pai ou uma mãe adotiva é como ser qualquer outro tipo de pai ou mãe.

Quer ver mais dicas para manter a saúde da sua família? Leia em Minha Família.

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Conteúdo inspirado pela LifeWorks e adaptado para a CGP Brasil.

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