Falando com as crianças sobre toque, consentimento e relacionamentos saudáveis

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Postado dia 4 de outubro de 2022 por


Falando com as crianças sobre toque, consentimento e relacionamentos saudáveis

Em anos recentes, a importância de entender e praticar o consentimento tem se tornado um assunto recorrente nos noticiários, seguindo a onda de diversos movimentos sociais.

Pais comumente se preocupam sobre como explicar da melhor maneira o conceito de consentimento para suas crianças, mas isso não precisa ser um bicho papão a ser resolvido de uma vez só. Mesmo sem usar termos como “consentimento”, pais podem moldar a ideia de autonomia corporal, dando às suas crianças o vocabulário necessário para pedir ou recusar o contato físico, entendendo ao mesmo tempo os limites do próximo.

Nunca é cedo demais para ensinar as crianças sobre seus direitos de consentimento e os de terceiros. O tópico do consentimento não precisa ser intimidador e os pais podem integrá-lo ao dia a dia da criança desde cedo.

Do nascimento à escola

Dê o exemplo. Quando estiver trocando as fraldas da criança, você pode dizer coisas como “que tal trocarmos suas fraldas agora?”. Mesmo que eles possam não entender ou responder, pedir permissão para o contato físico está sendo moldado desde cedo e assim você cria uma cultura de consentimento.

Permita que eles digam “não”. Explique que elas não têm que aceitar contato físico que não queiram, como abraços, beijos ou cócegas vindas de um adulto. Certifique-se de que saibam que podem dizer “não”, “pare, por favor” ou “eu não gosto disso”, e dê a elas outras opções com as quais se sintam mais confortáveis, como o aperto de mão, o soquinho na mão do outro ou soprar um beijo na direção da pessoa.

Situações constrangedoras podem surgir caso um adulto não aceite um “não” como resposta para o seu contato físico. Explique para eles que você está tentando ensinar a sua criança que ela pode escolher o que acontece com o próprio corpo: “Nós queremos que a Natália cresça sabendo que ela pode dizer não se estiver desconfortável com o toque de alguém, e nós temos que respeitar que ela tenha dito não.” Lembre-se de aceitar que a criança também pode dizer “não” a você, mesmo que essa situação seja desagradável.

Não force a criança a comer algo que ela não queira. Se você usa comida como moeda de barganha, recompensa ou punição, você arrisca criar na mente da sua criança um relacionamento disfuncional com a comida, prejudicando o entendimento dela sobre o próprio corpo. Permitir que as crianças terminem de comer quando estiverem cheias, ao invés de quando seus pratos estiverem vazios, o que pode não ser condizente com o seu apetite, ensina que elas podem tomar decisões sobre o seu corpo e confiar nos sinais que ele as dá.

Semelhante aos abraços, você pode oferecer comida, mas elas têm o direito de recusá-la. Especialistas dizem que é importante confiar nos instintos das crianças quando o assunto é comida porque elas são as únicas que podem dizer se ainda estão com fome ou satisfeitas.

Nomeie corretamente as partes do corpo. Parte de aprender sobre a autonomia corporal é nomear as partes do corpo da maneira correta, sem introduzir um senso de vergonha ao seu redor. Isso pode ser difícil para alguns pais se eles foram criados em lares onde não se falava abertamente sobre todas as partes do corpo, mas é importante empoderar as crianças a entenderem seus corpos sem medo ou vergonha e serem capazes de se comunicar de maneira eficiente a respeito deles.

Na escola

Responda às suas perguntas honestamente. Se suas crianças começarem a fazer perguntas sobre sexo e reprodução, esteja preparado com respostas apropriadas para sua idade. Isso pode demandar alguma pesquisa ou leitura anterior sobre as dúvidas que elas podem ter, além de algumas sugestões de respostas.

Encoraje suas crianças a respeitarem a autonomia corporal dos outros. Elas podem entender que outros não podem tocá-la sem consentimento, mas a outra metade do aprendizado é assegurar que elas não se sintam no direito de comprometer a autonomia de terceiros. Por exemplo, se por um acaso de ela bater em outra criança, relembre-a de que assim como ela não gostaria de ser agredida, a outra criança também não gosta.

Ensine-as que elas podem falar com você sobre qualquer coisa. Pode ser fácil falar “você pode me contar qualquer coisa.”, mas é trabalhoso criar um ambiente onde as crianças se sintam confortáveis para dividir seus problemas. Elas são muito perceptivas. Então, se você responder a algo que elas dizem se chateando ou se irritando, por exemplo, elas podem ficar com medo ou se tonar relutantes no futuro para compartilhar novamente. Em vez disso, dê o que elas precisam, seja conforto, aconselhamento ou apenas um ombro amigo para desabafar.

Ensino médio

Comece a falar de relacionamentos românticos. Quando crianças chegam ao ensino medio, elas podem começar a pensar sobre namoro e relacionamentos. Converse com elas sobre os comportamentos apropriados para a sua idade e reforce a ideia de autonomia corporal, lembrando-as de que sempre podem dizer “não”. Certifique-se de que saibam que podem tomar suas próprias decisões mesmo que se sintam pressionadas a ceder. Explique a elas que sua autonomia corporal é mais importante do que a aceitação de um grupo de colegas. Igualmente, relembre-as de que, mesmo que separações sejam difíceis, é o direito de todos terminar um relacionamento por qualquer motivo ou dizer não para aproximações indesejadas.

Comece a definir o que é assédio sexual. Durante os anos do ensino médio é muito importante ajudar as crianças a entenderem que, apesar do que elas possam ver na televisão ou na internet, pornografia e mensagens de texto, toque ou comentários indesejados podem ser considerados assédio ou bullying. Espalhar boatos, bullying online e provocações também podem ser considerados assédio sexual dependendo do conteúdo daquilo que for dito ou feito. Assegure-se de que elas saibam que esse tipo de atitude pode ser prejudicial e se presenciarem algo do tipo acontecendo elas não deveriam participar e é importante que comuniquem a um professor.

Seja uma fonte confiável de informação. Falar abertamente e honestamente com suas crianças sobre violência interpessoal pode criar um ambiente de apoio onde elas sabem que podem confiar em você, pedir conselhos, dividir preocupações e não temer julgamentos. Fale sobre coisas como pornografia, sexualidade, sexo e relacionamentos da maneira mais honesta que puder. Se você não sabe a resposta para uma pergunta, aproveite para pesquisar com a criança e descubram juntos.

Converse sobre álcool. Antes que suas crianças comecem a beber álcool, elas devem conhecer seus efeitos. Explique para elas que uma pessoa alcoolizada é incapaz de consentir. Quando elas finalmente chegarem ao momento de passar pela experiência de beber álcool, relembre-as de que seu julgamento pode ficar prejudicado, e que é importante fazer um consumo responsável da bebida para que situações perigosas sejam evitadas.

Use exemplos de casos famosos ou de filmes. Quando estiverem assistindo programas de TV ou filmes juntos, discutam se as personagens estavam comunicando suas necessidades, buscando consentimento e sendo respeitosas. Esta é uma boa forma de discutir a diferença entre relacionamentos saudáveis ou não.

Universidade

Quando suas crianças chegarem à universidade, lembre-as de sua reponsabilidade em assegurar que qualquer atitude que tenham com amigos ou parceiros seja pautada no consentimento mútuo. Explique que consentimento não é a ausência do “não”, mas um claro “sim”.

Elas também deveriam entender que o “sim” pode ser retirado a qualquer momento, e que “sim” para uma atividade sexual específica não significa automaticamente um “sim” para qualquer outra. Enfatize também que o sexo seguro é essencial e uma responsabilidade de ambos.

Por fim, relembre suas crianças que você está sempre lá para elas e nunca para julgar, e que elas podem sempre conversar com você se tiverem alguma experiência com a qual não se sintam bem.

Confira mais artigos na nossa página Minha Família!

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Conteúdo inspirado pela LifeWorks e adaptado para a CGP Brasil.

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