Crescem os casos de violência doméstica durante a pandemia

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Postado dia 3 de agosto de 2020 por


Com a necessidade de isolamento social criada para conter o avanço da Covid-19, muita coisa mudou na rotina doméstica.

Pessoas tiveram que passar a trabalhar em casa e ajudar as crianças com os estudos passou a ser uma necessidade. Infelizmente, a situação vai bem além disso, o que provoca agravos sérios às relações familiares. Quem tem sentido isso na pele são as mulheres.

Mais violência, menos boletins de ocorrência

Isoladas dentro de casa e, na maioria das vezes, tendo de conviver com o agressor, um número crescente de mulheres está sendo vítima de abuso doméstico na quarentena.

Um relatório produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) destaca que, em comparação com o mesmo período em 2019, os casos de feminicídio cresceram 22,2% entre março e abril deste ano.

Feminicídio é o assassinato de uma mulher, cometido devido ao desprezo que o autor do crime sente quanto à identidade de gênero da vítima. Mas a violência contra a mulher, conforme elucida o Instituto Maria da Penha, não é necessariamente física: pode ser também de natureza psicológica, moral, patrimonial e sexual.

Apesar do maior número de casos de violência, o FBSP destaca registros que confirmam queda na abertura de boletins de ocorrência contra os agressores. Isso deixa claro que, ao mesmo tempo em que as mulheres estão mais vulneráveis por conta da pandemia, têm mais dificuldade para formalizar as queixas e, assim, se proteger.

Outro ponto que vale a pena ser observado é o fato de, diante dessa dificuldade, a estatística se distanciar da realidade. Se, em condições normais, a violência doméstica já é marcada pela subnotificação, a situação agora pode ser ainda pior do que mostram os números.

Vamos entender os fatores envolvidos nisso.

Proximidade do agressor e falta de dinheiro dificultam as denúncias

Ainda de acordo com a análise do FBSP, um dos fatores que explicam essa dificuldade de se fazer denúncias contra a violência doméstica é a convivência mais próxima com os agressores.

Nesse novo contexto, eles podem mais facilmente impedir as mulheres de se dirigir a uma delegacia ou a outros locais que prestam socorro a vítimas — inclusive os canais alternativos de denúncia, como telefone ou aplicativos.

O fórum destaca que, mesmo em São Paulo, que implementou o boletim de ocorrência eletrônico para facilitar a oficialização de queixa contra os agressores, houve queda de 21,8% nos registros. Isso mostra que a dificuldade de fazer a denúncia existe.

Outro fator envolvido nesse menor registro de boletins de ocorrência nos casos de violência doméstica tem a ver com a queda da renda e o desemprego. Essa condição pode atrapalhar a mulher na hora em que ela cogita sair de casa para fugir do agressor e, assim, fazer a denúncia.

Falando no aspecto financeiro do problema, em entrevista à Agência Câmara de Notícias, a secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, aponta um outro tipo de agressão contra a mulher que tem crescido em tempos de pandemia: a violência patrimonial.

“Começaram a aparecer conflitos por causa do pagamento do auxílio emergencial de R$600. Não é raro, na fila da Caixa, vermos uma mulher sendo acompanhada por um homem. Pode ser seu companheiro, mas pode ser seu irmão, pai, enfim… Aquela pessoa com certeza pode estar ali para possibilitar uma violência patrimonial contra aquela mulher quando ela estivesse com os valores na mão”, relata.

Independentemente do que venha a motivar um episódio de violência doméstica e qual seja a natureza do que, de fato, foi consumado, o caso deve ser devidamente denunciado, por mais complicada que seja a situação.

Vamos saber, a seguir, como fazer isso.

Como reconhecer e denunciar um caso de violência doméstica

Além da maior proximidade com o agressor, infelizmente, outro aspecto ruim da pandemia é o fato de as mulheres vítimas de violência doméstica acabarem tendo sua rede de apoio comprometida pelo isolamento social.

Muitas delas também não sabem para onde correr quando decidem romper o ciclo de violência, que se configura por: aumento da tensão entre vítima e agressor, a consumação da violência e demonstrações de arrependimento e perdão por parte do companheiro.

Por isso, a sociedade tem se mobilizado de formas inusitadas para dar suporte a essas vítimas.

Algumas campanhas que ficaram conhecidas: fazer um X vermelho de batom estampado na palma da mão; um botão de pânico no aplicativo de loja online de eletroeletrônicos e até um vídeo fake de automaquiagem que, na prática, orienta a fazer denúncias.

A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência é um serviço de utilidade pública gratuito e confidencial (preserva o anonimato) oferecido pela Secretaria Nacional de Políticas desde 2005.

O Ligue 180 tem por objetivo receber denúncias de violência, reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e de orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quando necessário.

A central funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil.

Compartilhe essa informação com as mulheres do seu convívio. A violência doméstica não pode mais ficar sem punição. E isso vale também para a violência contra a pessoa idosa.

Quer ver outras dicas de como cuidar bem das pessoas que você ama? Leia em Minha Família.

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Esse conteúdo foi desenvolvido pela Latinmed, agência de comunicação e marketing para área de saúde; e validado pela CGP Brasil, especializada em Programas de Assistência ao Empregado.

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