Masculinidade tóxica: o que é e por que deveria ser assunto de homens e mulheres

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Postado dia 5 de março de 2021 por


Masculinidade tóxica: o que é e por que deveria ser assunto de homens e mulheres

Frases como “homem não chora” são conhecidas por todos e repetidas nas diversas camadas sociais. Acontece que, assim como as mulheres, vez ou outra, todo homem tem, sim, vontade de chorar – e reprimir os sentimentos definitivamente não é a melhor solução.

Nossa sociedade coloca em oposição os estereótipos do que é ser homem e do que é ser mulher. Se, por um lado, é esperado que mulheres sejam gentis, emocionais e dadas aos cuidados familiares, dos homens se esperam características como força, agressividade e virilidade.

A masculinidade tóxica é um conceito que surgiu da observação de como essas expectativas podem se refletir de forma prejudicial no comportamento dos homens, provocando prejuízos emocionais, físicos e sociais tanto para eles quanto para as mulheres.

É como se, desde cedo, os meninos fossem apresentados a uma receita cultural de como ser, agir, sentir e falar; e qualquer falha em seguir esse protocolo os transformasse em indivíduos masculinos de segunda categoria (representados por palavras pejorativas como “frouxo”, “mulherzinha” e outros nomes que fazem referência a um modo de ser supostamente feminino).

O que os homens não falam

Esse esforço em se enquadrar em um papel pré-determinado priva os homens de viverem plenamente suas emoções, seus sonhos e desejos, além disso, cria barreiras nas relações afetivas e sociais.

A pesquisa “Precisamos falar com os homens?” aponta que:

Além dos prejuízos emocionais, a expectativa de vida masculina é afetada por esse condicionamento social. A masculinidade tóxica leva os homens a negligenciarem sua saúde e, quando o tema é saúde mental, a situação é ainda pior, já que o adoecimento psíquico masculino é visto como um fracasso social.

De acordo com a pesquisa “Um novo olhar para a saúde do homem”, mais de 30% dos homens não têm o hábito de ir ao médico pelo menos uma vez ao ano para o acompanhamento da saúde e 95% vivenciam sentimentos negativos como ansiedade e preocupação excessiva com família e finanças até tristeza e depressão.

Consequências para as mulheres

Todo esse contexto alimenta o machismo histórico presente no Brasil (e praticamente em todo o mundo, em diferentes níveis). Na masculinidade considerada tóxica, predominam os comportamentos baseados em medo, insegurança, violência, controle e dominação. Ao tentar se provarem a todo momento, muitos homens acabam incorporando a violência, o fechamento emocional, a homofobia e a obsessão com dinheiro, sexo e poder.

Nesse terreno insólito, as mulheres se tornam vítimas frequentes de diversos tipos de violências, que podem ser das mais sutis até as mais explícitas, como alguns dos exemplos a seguir.

Mansplaining e manterrupting

Essas duas expressões em inglês são usadas para descrever situações vivenciadas com muita frequência na relação social entre homens e mulheres, especialmente no trabalho. São violências sutis, que muitas vezes nem mesmo quem pratica ou quem é vítima percebe com clareza.

Mansplaning é quando um homem pressupõe que sabe mais do que uma colega mulher e, sem ser solicitado, explica em tom professoral conceitos ou situações que ela já sabe – às vezes até melhor que ele.

manterrupting se refere às situações em que uma mulher tenta expor uma situação, opinião ou proposta, mas é constantemente interrompida por um homem, que age como se sua fala fosse sempre mais importante que a da mulher.

Discriminação e diferença salarial

Como a masculinidade tóxica considera o modelo estereotipado de homem um ideal a ser perseguido, tudo que se opõe a isso é entendido como inferior. Não é à toa que “mulherzinha” é usado de forma pejorativa.

Há muitos anos as mulheres buscam a igualdade, mas não é fácil alcançar esse objetivo quando o machismo é parte estrutural da sociedade. Até hoje, mulheres são discriminadas nos negócios, nos esportes, no trânsito e em tantas outras situações. A pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher” demonstra que 31% das mulheres da cidade já sofreram algum tipo de preconceito ou discriminação no trabalho.

Não é à toa que muitas se sentem pressionadas a imitar comportamentos masculinos para serem cada vez menos alvo. Além disso, a diferença salarial entre homens e mulheres é, em média, de 30%, segundo o Observatório de Gênero.

Assédio e violência

De acordo com os institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, 97% das brasileiras com mais de 18 anos afirmam já ter sofrido assédio no transporte público ou privado.

Os números também assustam no mundo corporativo. Pesquisa do LinkedIn em parceria com a Think Olga aponta que metade das mulheres já sofreu assédio no trabalho. A sensação de que há um desequilíbrio de poder é tão grande que a maioria não denuncia por acreditar que não haverá resultado ou por medo de ser exposta. Para 15%, a única forma de lidar com essa violência foi pedindo demissão.

Índices tão elevados chamam atenção para um fator importante: o assédio não é uma exceção. É praticado sempre que homens comuns ultrapassam limites ao reproduzir o comportamento de virilidade excessiva, por exemplo, desconsiderando a vontade das mulheres. Como muitas vezes são vistas como um objeto que precisa ser dominado ou conquistado (e não como uma pessoa que mereça um tratamento igualitário), as mulheres acabam se tornando vítimas de violência verbal, psicológica ou física.

Tem solução?

Existem diversas formas complementares de enfrentar a masculinidade tóxica e suas consequências. A primeira delas é abordando desde cedo esse tema com homens e mulheres. À medida que aumenta a consciência sobre comportamentos que antes eram normais, aumenta também a disposição para os alterar.

Entre os homens, buscar apoio psicológico, grupos de masculinidade positiva e autoconhecimento é fundamental para serem cada vez mais livres e melhorarem suas relações. Assim, previnem-se na fonte os comportamentos que geram conflitos, violência e repressão. 

No caso das mulheres, sempre que se sentirem discriminadas ou ameaçadas, é fundamental buscarem ajuda tanto para se protegerem quanto para impulsionar o avanço dessa pauta tão importante para todos.

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